segunda-feira, 16 de janeiro de 2012


Em um certo Janeiro, molhado e um tanto marrento, decido andar a esmo pela rua, o luxo do tempo desperdiçado, ao qual não podemos mais nos permitir... Na cidade, os fantasmas dos Natais passados apresentam-se: passos apressados, o barulho e o caos ressurgem e nos informam que o ano de 2012 chegou, com suas esperanças (não) vãs, ambições desenfreadas e contas a pagar. O vento e o tempo chacoalharam o Natal pra lá. Presentinhos e enfeites dependurados, esquecidos em algumas portas, já se mostram fora-de-hora em seus verdes e vermelhos. Uma árvore de Natal impertinente, na rua, (des)montada em laços de presente ( linda!), agora é arauto máximo da necessidade de mudança e de tomada de decisão: e agora? Que árvore é você? 
Cada indivíduo, tal como uma árvore natalina, anuncia algo, com seus adornos e vestimentas, e o faz a cada dia. Algo de sua essência, enfim, daquilo que quer comunicar ao mundo, transparece por meio da forma com que este indivíduo se apresenta. A cada um, ainda, é dado o direito de escolher fazê-lo como quiser! Over ou clean; em branco, sagrado e pleno, ou paramentado (adoro essa palavra: "paramentado") em vermelhos, cores e inconstâncias. Prestar atenção ao visual não denota superficialidade; trata-se, aqui, de atrever-se a articular um estilo, que irá dar pistas ao universo exterior daquilo que se passa no seu interior. Quem é você?
Estilo é fundamental, e ter estilo é ser você mesmo. Em tempo: isto nada tem a ver com ser uma vítima da moda, ou um escravo da aprovação alheia, mas relaciona-se com o ato de propor uma provocação dos sentidos a partir de uma brincadeira com os próprios sentidos: os seus!
Pense, faça, construa a sua árvore, deixe-se permear por seu verdadeiro estilo. Seja quem você quer ser.
Feliz ano (re)começado...
Adrianne
Guedelhas* = moda diversão arte estilo cultura e bobagem...

P. S. - Agradecimentos à árvore colorida, vista na rua Eurípedes Garcez do Nascimento, no bairro Ahú, em frente ao bistrô La Rauxa, e ao seu criador... Estamos procurando seu nome pra lhe dar o crédito! 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Queria falar sobre moda...



Mas hoje não vai dar.


Meu nome é Kalli, tenho 26 anos. Sou vítima de violência sexual.

A primeira vez. 15 anos de idade. Um total desconhecido. Rua. Noite. Minha primeira impressão sobre o sexo.

A segunda vez. 2011. Bombinhas - SC. Uma pessoa da família. Dia do meu aniversário. Tequila. Crise.

Se eu estou abalada? Sim. Se eu vou superar? Já superei. (Falar sobre isso ajuda).

Estranho? Absolutamente.

Acredito que aquilo que incomoda a maioria das mulheres não é a violência em si. Afinal, somos mulheres e sabemos como lidar com esses acontecimentos por piores que sejam.

O que nos abala? Viver. A família desestruturada. A supervalorização dos fatos. O ódio. O Hospital de Clínicas, o coquetel, o psicólogo que insiste numa terapia sem nem mesmo conhecer o seu passado.

Só preciso dizer que falar sobre isso não é vergonha pra mim. Preciso dizer que isso faz parte do passado e, arrumando as minhas malas, percebi que é algo que vai ficar para trás juntamente com tudo o que eu já passei.

Vai ficar aqui com todos os amores que não deram certo. Com todos os meus erros, com todos os meus acertos. Vai se juntar aos amigos que se perderam pelo caminho e às memórias. Lugares, filmes, livros, parques, tudo. Todas as vivências. Boas e ruins. Faço questão de deixar tudo por aqui.

Deixo por aqui o Rodrigo Suassuna, meu primeiro namorado e homem perfeito. Desejo a você toda a felicidade do mundo.

Deixo por aqui o Leonel, caso complicado, paixão intensa, muita dor e nenhum arrependimento. Você me abriu para a vida. Para o amor.

Deixo por aqui o Vizinho... um relâmpago. Garoto família, mas em fase de muita farra e curtição. E eu, à procura do amor, da intensidade e da coragem. Talvez um dia a gente se esbarre, num momento mais maduro de nossas vidas...

Deixo também para trás os amores platônicos, a doação e a insegurança de algo que nunca daria certo. As intrigas. Deixo aqui Raphael Sibilla. Jurei de pé junto que seu olhar não era em vão. Vá embora junto com a minha ilusão.

O que levo na bagagem? Algumas roupas, uma agenda, saudades, o coração leve e uma página em branco.

Recomeçar é o passo para a superação. É o passo para se livrar da revolta. É a deixa para viver o novo. O inesperado. A vida.


Meu nome é Kalli, tenho 26 anos. Sou mulher.



Feliz 2012, feliz recomeço!  

"A melhor sensação do mundo vem quando você começa a se sentir bem novamente depois que se sentiu horrível." - Oprah Winfrey